Cada estrofe deste hino é baseada numa distinta passagem das Escrituras, que se refere a uma testemunha viva - crentes que compreendem e demonstram a presença de Deus.
Estrofe
1 - Habacuque 2:20 pede que toda a terra guarde silêncio, e proporciona o tema
para sua adoração - a transcendência única de Deus.
Estrofe
2 - Apocalipse 4:8 retrata as multidões nos céus que se unem aos salvos na
terra, adorando a Deus dizendo: "Santo, Santo, Santo!"
Estrofe
3 - Salmos 36:8-10 sugere a encarnação de Deus no crente que adora a Deus
através da sua vida santa.
Gerhard
Tersteegen é considerado um dos maiores hinistas e líderes espirituais da
Igreja Reformada Alemã. Ele mesmo era uma “testemunha viva". Deixando sua
vocação lucrativa, escolheu uma vida de sacrifício. Depois de um tempo como
eremita começou a viajar e pregar, dando de si mesmo a um grupo crescente de
seguidores, vivendo uma vida exemplar de serviço.
A
trajetória da sua vida se assemelha a este hino: o silêncio - sua retirada da
vida; a adoração da igreja - seus muitos amigos e sua pregação em muitos
lugares; a vida pessoal – [sua vida santa] e seu extenso serviço.
O
autor, Gerhard Tersteegen (1697 - 1769), nasceu em 25 de novembro de
1697, em Mörs, em Reino - Vestfália, da Prússia (Alemanha). Quando seus planos
de preparo para o pastorado na Igreja Reformada foram frustrados por causa da
morte prematura de seu pai, Tersteegen aprendeu a arte de tecelagem. O negócio
ia bem, mas ele passou cinco anos em depressão, no fim do qual sua fé na graça
reconciliadora de Cristo tornou-se segura. Em 1724, Gerahard fez uma nova
promessa a Deus, selando-a com seu próprio sangue.
Abandonou,
então, seus negócios e entrou num ministério singular de aconselhamento
espiritual, de encorajamento e avivamento. O seu lar, chamado A Casinha do
Peregrino, se abria a todos. Dizem que trabalhava dez horas por dia no seu
tear, orava por duas horas e passava duas horas escrevendo e discutindo
assuntos espirituais com outros. Preparava comida e remédios simples para os
pobres.
Tersteegen,
escreveu 111 hinos, caracterizados pela clareza no ensino de verdades cristãs,
renúncia de si e do mundo a um esforço diário de viver como aquele que está na
presença de Deus.
Também
traduziu ou parafraseou muitos clássicos do francês e latim. Sua obra
hinológica é Geistliches Blumegärtlein (Um Pequeno Jardim de Flores
Espirituais), editada pela primeira vez em 1729, com muitas edições
subseqüentes. Faleceu no lar em Mühlhein, na Prússia.
Tersteegen
publicou este hino, Got ist gegen wartig (Deus Está Presente) no seu hinário
Geistliches Blumengärtlein (Um Pequeno Jardim de Flores Espirituais), em 1729.
Alguns acham que é possivelmente uma paráfrase duma obra do escritor francês
pietista Labadie.
A
melodia ARNSBERG, também chamada WUNDERBARER KÖNIG (Maravilhoso
Rei), foi composta pelo consagrado hinista Joachim Neander, publicada no seu
hinário Bundes Lieder (Hinos Cívicos) em 1680. Seu nome alemão refere-se ao
hino para o qual Neander a compôs, Wunderbarer König, Herrscher von uns allen
(Maravilhoso Rei, Senhor de Todos Nós). Entretanto, é com a letra de Tersteegen
que sua melodia hoje é usada ao redor do mundo.
Joachim
Neander nasceu
em Bremem, Alemanha, em 1650, primeiro filho do diretor do Pädogogium (Escola
Primária) daquela cidade, e descendente de uma longa linha de pastores de
destaque. Recebeu uma educação privilegiada. Entretanto, como aluno,
influenciado pelos seus colegas, vivia uma vida de devassidão. Aos vinte anos,
foi com dois amigos a um culto numa igreja com a idéia de criticar e achar
graça. Mas o fervor do pastor, o Rev. Theodore Under-Eyck, tocou-lhe o coração
e conversas subseqüentes com ele mudaram a sua vida.
Um
dia, Neander foi caçar nas florestas dos morros perto da sua casa. Caiu a
noite, e no escuro perdeu o caminho. Foi ali que Deus alcançou a vida desse
jovem. Caindo de joelhos, orou, dando a sua vida ao Salvador. Ao se levantar,
descobriu que havia parado na beira de um precipício, e que mais um passo teria
causado sua morte. Logo depois, como que guiado por Deus, Neander descobriu uma
vereda bem conhecida, e chegou a casa salvo, e transformado.
Depois
de servir como tutor em Frankfut e Heidelberg, Neander foi ensinar numa escola
da igreja Reformada Alemã em Dusseldorf, e, embora não ordenado, assistia na
pregação e no trabalho pastoral da igreja ligada à escola. Foi nesse tempo que
Neander começou a sua associação com pietistas [*], tornando-se amigo do seu
líder, Jacob Spencer. Começou a seguir algumas das suas práticas. Com isso, foi
demitido da escola e da igreja e foi morar numa caverna na linda região de
Neanderthal, perto de Mettman, nas margens do Reno. Foi ali que escreveu a
maior parte dos seus sessenta hinos (letra e música). A caverna ainda hoje é
chamada A Caverna Neander.
Em
julho de 1679, Neander, aceito novamente na Igreja Reformada, tornou-se
assistente do Pastor Under-Eyck, na mesma igreja onde ele tinha ido zombar nove
anos antes. Certamente teria tido um rico ministério nos anos a seguir mas, a
tuberculose o ceifou em 1680. Seus hinos foram publicados no mesmo ano numa
coletânea chamada A und Joachini Neandri - Glaub und Liebesübung (Joachim
Neander - Ensaios de Fé e Amor). Naquele período curto de dez anos, Neander
tornou-se o mais notável hinista da Igreja Reformada Alemã. É chamado “o Paul
Gerhardt dos calvinistas". Nos seus hinos acham-se as expressões e crenças
da Igreja Reformada e dos Pietistas, mas, o brilho e a doçura dos seus melhores
hinos, sua fé firme, originalidade, biblicidade, variedade e mestria de formas
rítmicas, e genuíno caráter lírico dá a eles o direito ao lugar alto [na
hinódia] que ocupam.
A
tradução do alemão para o português foi habilmente feita pelo Pastor João
Soares Fonseca.
[*]
Nota - O pietismo foi o rompimento com as tendências escolásticas [ou ortodoxa
morta], uma afirmação da primazia do sentimento, na experiência cristã, uma
reivindicação por parte dos leigos da participação ativa na edificação da vida
cristã e um esforço de estrita atitude ascética com referência ao mundo
Bibliografia:
Julian, John, ed. A Dictionary of Hymnology, Vol. 1 Dover Edition New
York, Dover Publication, inc., 1957, p. 791.
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Hinário