Letra e Música: Robert Lowry (1826-1899)
Ira
David Sankey, conhecido hinista americano, diz em seu livro My Life and the
Story of the Gospel Hymns (Minha Vida e a História dos Hinos Evangélicos):
Numa
tarde mormacenta, em julho de 1864, o Dr. Lowry estava assentado à sua
escrivaninha em Elliott Place, Brooklyn, quando as palavras do cântico "Há
um Rio Cristalino" lhe vieram à mente. Ele as escreveu rapidamente, e
então sentou-se diante de seu órgão e compôs a melodia que agora é cantada em
todas as Escolas Dominicais do mundo. Falando a respeito do cântico disse ele:
"É
música de banda, tem movimento de marcha, e por esta razão tornou-se tão
popular, mas eu mesmo não lhe dou muito valor. Apesar disso, tenho ficado
comovido em várias ocasiões ao ouvi-lo. Indo de Harrisburg a Lowisburg, certa
vez, eu estava em um vagão cheio de lenhadores meio bêbados. De repente, um
deles começou a cantar: 'Há um Rio Cristalino', e eles o cantaram muitas vezes,
repetindo o coro de uma forma selvagem e exuberante. Não pensei muito na música
ao ouvir aqueles cantores, mas pensei que o espírito do cântico, e suas
palavras tão frivolamente cantadas, poderiam ficar no coração destes homens
descuidados, e influenciar-lhes a vida e finalmente elevá-los a realizar a
esperança expressa no cântico.
Outro
fato em relação ao cântico foi evidenciado durante o centenário de Robert
Raikes. Eu estava em Londres, e havia ido a uma reunião no Old Baily para ver
alguns dos mais famosos obreiros de Escolas Dominicais de todo o mundo. Estavam
presentes representantes da Europa, Ásia e América; sentei-me bem atrás,
sozinho. Após vários sermões feitos em diversas línguas, eu estava prestes a
sair, quando o presidente da reunião anunciou que o autor do cântico "Há
um Rio Cristalino" estava presente e chamou-me para frente, pelo nome.
Homens aplaudiram, e senhoras abanaram seus lenços quando fui para a plataforma.
Foi um tributo ao cântico, mas, eu senti, depois que tudo acabou, que havia
feito algo de bom no mundo."
Um
ano após o cântico ser escrito, no Dia da Criança em Brooklin, quando as
Escolas Dominicais da cidade se reuniram num grupo surpreendentemente grande,
foi cantado por mais de quarenta mil vozes. Não havia criança da favela ou
abrigada na missão que não o soubesse.
Uma
senhora americana, que havia recebido permissão para visitar o hospital militar
do Cairo logo após terem trazidos homens feridos em uma escaramuça, escreveu:
"As
três horas que pudemos ficar lá foram cheias de trabalho para o coração e as
mãos. Um jovem soldado de um regimento da Escócia, atraiu meu interesse
especial. Ele havia perdido um membro, e o médico dissera que ele não
sobreviveria àquela noite. Parei perto do seu leito para ver se havia algo que
pudesse fazer por ele. Estava deitado, com os lhos fechados, e ao moverem-se
seus lábios, pude ouvi-lo murmurar 'Mamãe, Mamãe'. Mergulhei meu lenço numa
bacia de água gelada e banhei-lhe a testa que ardia em febre."
-"Oh,
isto é bom:" disse ele, abrindo os olhos. Vendo-me inclinada sobre ele,
tomou minha mão e a beijou. "Muito obrigado, minha senhora; isto me faz
lembrar de minha mãe."
"Perguntei-lhe
se poderia escrever para sua mãe. Ele respondeu-me que não, pois o cirurgião
havia prometido fazê-lo, mas pediu-me que cantasse para ele. Hesitei por um
momento, e olhei ao redor. Os últimos raios de sol incidindo sobre o Nilo
chamaram minha atenção e me fizeram pensar no rio como cujas correntes alegram
a Cidade de Deus. Comecei a cantar baixinho: 'Há um Rio Cristalino'. Vi cabeças
erguerem-se ansiosas para ouvir melhor, e logo mais, vozes de tenor e baixo
fracas e trêmulas uniram-se ao coro:
'Sim,
às margens desse rio,
Na mansão de glória e luz,
Com os santos cantaremos
Em louvor ao Rei Jesus!'
Na mansão de glória e luz,
Com os santos cantaremos
Em louvor ao Rei Jesus!'
"Quando
acabamos o cântico, olhei para a face do menino, pois ele não tinha mais do que
vinte anos, e perguntei: 'Você estará lá?!"
"Sim,
eu estarei, pelo que o Senhor Jesus fez por mim", respondeu ele, com seus
olhos azuis brilhando, enquanto uma luz que nunca incidiu sobre mar ou terra
irradiava em sua face. Lágrimas encheram meus olhos, ao pensar naquela mãe,
naquele distante lar na Escócia, atenta, esperando por notícias de seu filho
soldado, que estava nos últimos momentos de vida num hospital egípcio.
"Volte,
minha senhora, volte" eu ouvi por todos os lados ao deixar a barraca
hospital. Eu voltei, mas não encontrei mais meu menino escocês, pois ao
amanhecer ele descansara.
Fonte:
Histórias de Hinos e Autores - CMA - Conservatório Musical Adventista
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Hinário